sábado, 27 de agosto de 2011

A Biophilia de Björk

Björk é e continua sendo uma das minhas artistas favoritas.
Björk começou a cantar ainda na inância na Islândia e desde que despontou para o mundo com a The Sugarcubes, ela tem mostrado seu diferencial e genialidade.
Suas parcerias são sempre inovadoras e surpreendentes e não só na música (Thom Yorke, Eumir Deodato, Alexander McQueen, Lars von Trier, Michel Gondri, Chris Cuninghran, Matthew Barney, Matmos, Antony...).
Em 2000, Björk recebeu a Palma de Ouro como melhor atriz no Festival de Cannes por sua interpretação de Selma, uma imigrante tcheca que fica cega, no filme Dancer in the Dark, de Lars von Trier. Björ também compôs e gravou a trilha sonora do filme. Antes disso havia feito um outro filme na Islândia, The Juniper Tree.
Na entrada da cerimônia do Oscar 2001, para o qual I've seen it all foi indicada como melhor canção, a islandesa surpreendeu a todos ao aparecer vestida com um cisne e literalmente botar um ovo no tapete vermelho.
Alexander McQueen fez vários dos seus figurinos, inclusive a antológica capa do CD Homogenic. O designer também dirigiu o clipe Alarm Call. A cantora ficou muito triste com a morte do amigo em 2010 e cantou no seu funeral a canção Gloomy Sunday.
Em 2004 Björk estrelou o filme Drawing Restraint 9, para o qual compôs e cantou a trilha sonora, dirigido pelo marido Matthew Barney.
Os clipes das canções de Björ não são nada convencionais. Eu diria que são poéticos, e tais quais algumas poesias, diferentes, surreais, profundos, belos.
Recentemente lançou alguns singles do seu novo CD Biophilia, e lançou também um aplicativo para iPad para divulgar o novo disco que tem figurino de Iris Van Harpen.
Björk é como um radar que capta tendências futuras e as transforma em canções. Sobre ela escreveria páginas e páginas, mas ainda assim não contemplaria quase nada da sua ousadia e genialidade.













quinta-feira, 4 de agosto de 2011

LEONILSON

José Leonilson Bezerra Dias, um cearense nascido em Fortaleza em 1º de marco de 1957 ficou conhecido apenas como Leonilson, sem sobrenomes, como se estes o aprisionassem a algum lugar, e ele não era mesmo daqui. Leonilson deixou essa existência terrestre em 28 de maio de 1993 vítima da AIDS.
Meu primeiro contato com a obra de Leonilson se deu pouco depois da sua morte, quando eu tinha 15 anos e apesar de não compreender muito bem o significado daqueles desenhos eu sentia gostava deles e que eles me diziam algo. Passou-se o tempo que serviu para ratificar aquele sentimento de criança diante do novo.
Lembro-me da primeira vez que assisti ao documentário da cineasta Karen Harley, Com o oceano inteiro pra nadar. A emoção tomou conta de mim, senti-me mais próximo do artista dividindo dúvidas, anseios.
Leonilson era uma alma livre, que produziu uma poesia visual intensa, carregada de sentimentos demasiadamente humanos, universais, capaz de emocionar as pessoas em qualquer lugar do mundo. Suas pinturas, desenhos, bordados, poesias, esculturas, instalações expressam os dramas do homem contemporâneo.
A descoberta do vírus influenciou e muito a sua obra que mostra uma certa urgência, uma tristeza, uma beleza triste de quem se despede da própria vida sem saber nada do porvir.
Sua última obra, uma instalação na Capela Morumbi, mostra muito bem isso, uma espécie de desmaterialização de sublimação da vida e até de ressurreição.
A genialidade da sua obra está em não ter pudores de ser autobiográfica, ele se expõe em chagas com a beleza de um mártir que mesmo morrendo mantem-se sereno e belo.
Vivas a Leonilson.

Sobre o peso dos meus amores
Eu vejo a distância
Eu vejo os atalhos
Eu vejo os perigos
Eu vejo os outros gritando
Eu vejo um
Eu vejo o outro
Não sei qual amo mais
Sob o peso dos meus amores

Leonilson
Sobre o Peso dos Meus Amores, 1990

LINK DO VÍDEO: http://www.itaucultural.org.br/leonilson/index.cfm/f/palavra/poesia